quarta-feira, 13 de abril de 2022

Desintoxicando o excesso de consumismo Kawaii

 

Esta blusinha de chiffon está à venda...

Hoje foi meu último dia de trabalho da semana no jornal e eu aproveitei para começar a desatulhar minhas coisas - principalmente acessórios.

Embora muito disso seja por causa das contas que não param de chegar (olá, vida adulta! 31 daqui a três semanas!), eu comecei a me sentir profundamente incomodada com meu feed do Instagram. 

No post passado, falei sobre como tudo parece girar em torno de visuais inatingíveis. O pior, neste caso, é toda a cultura de consumismo excessivo que parece envolver a cultura Kawaii.

O perfil (aqui, considero feed + stories) de uma galera é EXCLUSIVAMENTE mostrando o que comprou ou recebeu.

Quando não é isso, é compartilhando conteúdos que obviamente são fora da realidade de pelo menos 80% de quem gosta de estilos fora do comum. Eu trabalho, mas me incluo nesse contingente.

Quero deixar destacado aqui que não se trata de inveja. Felizmente pago pelas minhas roupas. Só que isso tem me deixado doente a ponto de não querer mais divulgar meus visuais nas redes sociais.

A quem serve, afinal, esse incentivo a querer uma coisa diferente o tempo todo?

Na minha opinião, a ninguém. Vamos ser francos: para manter a tal da "aesthetic", custa caro. Mesmo pra mim, que majoritariamente consumo de lojas de departamento porque é o que dá pra mim. 

E nem sempre posso comprar o que eu quero.

Esse consumo desenfreado traz uma noção ilusória de que pra fazer parte de uma cultura que se gosta, é preciso investir a todo tempo, a ponto de arriscar a própria integridade (financeira, ou até física).

Vou fazer um desabafo pessoal: eu estava prestes a morar com uma pessoa que queria pagar R$ 2,8 mil num vestido. Eu, em um mês de trabalho, com uma folga semanal, não ganho nem perto disso. 

Ela achava que, se não tivesse roupas caras, seria uma 'ninguém' na Moda Lolita. Ou seja: essa pressão por consumo infinita só afasta as pessoas do universo alternativo/Kawaii. 

Muita gente fala "Ai, as pessoas tão deixando o estilo". Talvez não seja por falta de gosto.

Mas porque a sanha por aparentar um estilo de vida muitas vezes irreal acaba fazendo as pessoas pensarem que 'não é pra elas'.

xoxo,

B

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Por que sempre achamos nossos visuais incompletos?

 

Eu, mostrando as possibilidades de um visual mais 'simples'.


Mais uma vez, a vida adulta acabou me fazendo atualizar menos esta página do que eu gostaria. Acredito que, assim como no jornal que eu trabalho, vou acabar fazendo daqui uma coluna semanal para quem gosta de acompanhar pensamentos mais longos sobre a cultura Kawaii e suas problematizações.

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Em maio, faço 31. E, ao contrário de quando eu comecei a adotar estéticas fora do senso comum (não me rotulo mais como pessoa 'alternativa') anos atrás, minhas prioridades passaram a ser outras. Precisei adotar um estilo mais em conta, que eu pudesse ter mais liberdade de como e quando investir. Só que, de 2020 para cá, bateu aquele sentimento inconveniente de que meus visuais são medíocres.

O pior é que não estou só nessa história... Então, resolvi refletir sobre o que pode levar isso a acontecer.

1 - Rolagem demais no feed: Nós acabamos passando mais tempo nas redes sociais do que qualquer coisa, seja para trabalho ou mesmo quando o tédio bate. Como o algoritmo sabe a nossa vida toda, ele te sugere publicações que você vai gostar... Na maioria das vezes, de lojas ou influenciadores. O que nos leva a...

2 - Escolha de referência: Vamos falar a real: a grande maioria do público de redes sociais NÃO quer ver gente "vida real", quer mesmo é ver maquiagens complicadíssimas, quartos impecáveis, roupas brilhantes. Nada de errado, exceto quando se acredita que só esse tipo de conteúdo é válido. E o desfecho é...

3 - Insegurança aflorada: A gente já vem de outras áreas da vida onde somos alvo de cobrança o tempo todo. Tem que ter beleza, juventude, sucesso (esse conceito, aliás, muito questionável), etc. Parece que estamos competindo, o tempo todo - e perdendo. Deste modo, a insegurança vem de velotrol.

Parece meio óbvio o que eu vou dizer, mas as redes sociais são só 10% do que conseguimos ver do Outro. Sabe a maquiagem maravilhosa da influenciadora de 20K? Ela deve ter treinado MUITO pra fazer. O quarto incrível do Pinterest? A pessoa deve ter dinheiro livre para investir em seu hobby. A estética que parece em tempo integral? Em algum momento a pessoa bota uma roupa comum para lavar o chão ou tomar conta de alguém. 


Então, o melhor a fazer é respeitar o próprio progresso e avaliar com calma o que se espera do hobby. Se algo realmente incomoda, que se mude pelo desejo pessoal de aprender e não por causa de um padrão imposto. É o que eu venho fazendo, e espero que você, vivente, faça também.


xoxo, Bel